 Foi um domingo especial, que marcou o reencontro de famílias, fé e a reabertura da lendária Capela de Nossa Senhora do Livramento, no Sítio Bela Flor, zona rural de Brejo do Cruz, Sertão da Paraíba. Mais de 150 pessoas, entre familiares do fundador, moradores das comunidades adjacentes, e autoridades, a exemplo do prefeito e vice-prefeito de Brejo do Cruz, Dr. Tales Torricelle e Gugu Alencar, respectivamente, além do ex-prefeito Nascimento Alencar, parente do fundador.
A capela que foi idealizada e construída pelo patriarca da Família Praxedes, o vanguardista Pedro Alves Praxedes, no ano de 1942, em cumprimento ao pagamento de uma promessa feita a Nossa Senhora do Livramento, no ano anterior, em agradecimento pela intercessão da santa, para que um fogo feroz que consumia a vegetação seca nas serras vizinhas, não se estendesse as terras de sua propriedade, Bela Flor.
Promessa feita, pedido atendido, o que se sabe em histórias contadas pelos filhos mais velhos, aos netos e bisnetos, dão conta de que as chamas foram debeladas por si só, numa ação creditada a intercessão da santa, junto ao nosso Senhor Jesus Cristo, em depoimento repetido por várias vezes por ‘Pai Pedro” como era tratado por filhos e netos.
A capela da Bela Flor foi erguida no primeiro semestre do ano de 1942, pelo mestre Odilon Carreiro, natural de Riacho dos Cavalos. Sua construção se deu em primeiro plano, pelos conselhos do Padre Sandoval Teixeira Ferrer, dados a Pedro Praxedes, para que ele erguesse a igrejinha no seio do seu clã familiar, e chancelado pela promessa feita a Nossa Senhora do Livramento.
A missa inaugural foi realizada em 28 de junho de 1942, dia do aniversário de Pedro Alves Praxedes (DN: 28.06.1876), celebrada pelo padre Sandoval Teixeira Ferrer, ‘Padre Sandoval’, que era natural de Lavras da Mangabeira (DN:11.03.1904), e que naquele ano exercia a função de vigário de Brejo do Cruz (PB).
Em 1º de julho de 1960, Pedro Alves Praxedes veio a falecer, vítima de um AVC, e antes de partir para o plano celestial, segundo relatos dos filhos, ele teria pedido para que quando morresse fosse sepultado dentro da Capela, que ele fundou, mas seu pedido foi atendido em partes, pois, o vigário de Brejo do Cruz, à época, mesmo a capela sendo patrimônio de cunho particular da família Praxedes, só permitiu o sepultamento do seu fundador, por trás da capela, e não em seu interior.
Anos mais tarde, no início da década de 80, um dos filhos de ‘Seu Pedro’, Francisco Praxedes de Alencar, popularmente conhecido por ‘Chico Praxedes’, resolveu atender ao pedido do pai, reconstruindo a capela, deixando assim o túmulo de Pedro Praxedes, debaixo do altar da capelinha. Chico Praxedes foi reconhecidamente o principal cuidador, zelador e bem feitor da Capela de Nossa Senhora do Livramento, de todos os tempos.
Marco da fé e religiosidade de gerações não só da família Praxedes, mas como também dos moradores das demais comunidades adjacentes a Bela Flor, a Capela de Nossa Senhora do Livramento foi cenário de momentos ícones na fé e devoção dessa brava gente, a exemplo de missas, novenas, terços, casamentos e batizados. Tendo servido também como escola, com as aulas sendo aplicadas pela professora Onésia Praxedes, neta do patriarca.
A capelinha da Bela Flor passou ao longo de seus 81 anos de existência, por vários momentos distintos, entre os períodos de bem conservada e zelada, por alguns momentos de desprezo e abandono, mas no seu registro histórico, ou acervo da memória dos que passaram, ou ainda estão testemunhando a sua imponência cultural e histórica, a Capela de Nossa Senhora do Livramento, erguida no sítio Bela Flor, em Brejo do Cruz, no tórrido sertão paraibano, é o marco da fé e berço do culto religioso católico de uma brava gente, que se perpetua de geração em geração, seguindo o legado do velho e desbravador Pedro Alves Praxedes.
A atual reforma foi iniciada no segundo semestre de 2022, e concluída neste sábado (2 de setembro de 2023), sendo idealizada, pelo radialista Humberto Vital de Melo, neto de ‘Pai Pedro’, que esteve pessoalmente a frente das obras. A missa da reabertura foi celebrada na manhã deste domingo (3 de setembro), pelo padre catoleense Jandui Sá, atual vigário da Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres, de Brejo do Cruz (PB), e contou com a presença de mais 150 pessoas.
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